Cultura

Dom Henrique, o Navegador

A história de Dom Henrique, o Navegador, e sua influência nos Descobrimentos portugueses

Por
Tânia Rabêllo - Institutum Véritas

4/6/2025

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Padrão dos Descobrimentos, Santa Maria de Belém, Belém, Lisboa, Portugal (WikiCommons)

Nascido em 1394, Dom Henrique foi o terceiro filho do rei Dom João I de Portugal e de Dona Filipa de Lencastre. Desde cedo, demonstrou interesse pela navegação e exploração marítima, influenciado pelas viagens de seu tio, o infante Dom Pedro, que liderou expedições ao Norte da África.

Quando se tornou Duque de Viseu, em 1415, Dom Henrique teve a oportunidade de iniciar sua própria série de empreendimentos marítimos. Inspirado pelo desejo de expandir os territórios portugueses e explorar novas rotas comerciais, passou a organizar expedições ao longo da costa da África.

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Retrato de autoria de Nuno Gonçalves do príncipe Henrique, o Navegador (também conhecido como Infante Dom Henrique, 1394–1460), um dos principais impulsionadores do Império Português. (Museu Nacional de Arte, Lisboa)

Uma de suas primeiras conquistas foi a captura da cidade de Ceuta, no Norte da África, em 1415. Essa ação não apenas estabeleceu uma base estratégica para futuras explorações, como também permitiu a Dom Henrique adquirir conhecimento sobre rotas comerciais e terras ainda inexploradas. A partir de então, ele dedicou-se incansavelmente ao estudo da navegação, da cartografia e da astronomia. Fundou a famosa Escola de Sagres, no sul de Portugal, que se tornou um centro de excelência para o ensino e a pesquisa náutica. Ali, reuniu navegadores, cartógrafos, astrônomos e outros estudiosos com o objetivo de desenvolver técnicas de navegação e desvendar os segredos dos mares desconhecidos.

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Fotografia da Fortaleza de Sagres, frequentemente associada à Escola de Sagres, fundada por Dom Henrique (WikiCommons)

Com o apoio financeiro da Coroa portuguesa e sua liderança visionária, os exploradores portugueses começaram a desbravar novas rotas marítimas ao longo da costa africana. Entre os mais notáveis, estavam Gil Eanes, que contornou o temido Cabo Bojador em 1434, e Diogo Cão, que navegou até a foz do rio Congo em 1482. As explorações conduzidas por Dom Henrique e por seus sucessores resultaram na descoberta de ilhas como os Açores e a Madeira, além do estabelecimento de rotas comerciais lucrativas com a África e o Oriente. Seu legado perdura até hoje: é lembrado como um dos maiores patronos dos Descobrimentos portugueses e uma figura fundamental na história da navegação e da exploração marítima.

A presença de Dom Henrique no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, é uma justa homenagem à sua contribuição para a expansão dos horizontes do mundo conhecido e para a consolidação do Império Português. Sua influência permanece como um símbolo de coragem, determinação e visão para as gerações futuras.

Além de suas contribuições para a exploração marítima, Dom Henrique também desempenhou um papel significativo em outros aspectos da vida portuguesa e europeia. Entre seus feitos notáveis, destacam-se:

Influência na educação e cultura: Dom Henrique foi um patrono das artes, das ciências e da educação. Além de fundar a Escola de Sagres, apoiou a tradução de obras clássicas para o português, promoveu o estudo da matemática e da astronomia e incentivou o desenvolvimento de técnicas agrícolas avançadas.

Conquista de Ceuta: A captura da cidade, em 1415, foi uma de suas primeiras conquistas militares. Esse feito consolidou sua posição como líder militar e abriu caminho para futuras explorações ao longo da costa africana.

Colonização das ilhas atlânticas: Dom Henrique teve papel central na colonização das ilhas da Madeira e dos Açores. Organizou expedições para explorar e povoar essas terras, promovendo atividades agrícolas como a produção de açúcar e vinho.

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Mapa da Ilha da Madeira - Porto Santo por Bellin, 1770 (WikiCommons)

Promoção das cruzadas contra o Islã: Fervoroso defensor da fé católica, Dom Henrique apoiava ativamente as cruzadas contra os muçulmanos. Participou de várias campanhas militares no Norte da África e incentivou os esforços para expulsar os mouros da Península Ibérica.

Diplomacia e relações internacionais: Atuou de forma relevante na diplomacia europeia, estabelecendo alianças e acordos com outros reinos e monarcas. Sua habilidade diplomática ajudou a fortalecer a posição de Portugal no cenário internacional e garantiu apoio às suas iniciativas de exploração.

Desenvolvimento Urbano: A presença da Corte no Rio de Janeiro também contribuiu para o desenvolvimento urbano da cidade. Foram realizadas obras de infraestrutura, como a construção de estradas, pontes, aquedutos e edifícios públicos, além de melhorias no saneamento básico e na iluminação.

Consolidação da Identidade Nacional: A presença da Corte no Brasil também contribuiu para a consolidação da identidade nacional brasileira. A vinda da família real e sua permanência no país por mais de uma década ajudou a estabelecer laços mais estreitos entre Portugal e suas colônias americanas, contribuindo para a independência do Brasil em 1822.

Esses são apenas alguns dos principais aspectos que demonstram como a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil em 1808 trouxe mudanças significativas para o país, marcando um ponto de virada em sua história e acelerando seu desenvolvimento em direção ao futuro como uma nação soberana e irmã de Portugal.

Os feitos de Dom Henrique, o Navegador, que deixou um legado duradouro na história de Portugal e da Europa. Sua visão, liderança e determinação foram fundamentais para o sucesso dos Descobrimentos portugueses e para a expansão dos horizontes do mundo conhecido.

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Fotografia do Padrão dos Descobrimentos, monumento que homenageia os navegadores portugueses, incluindo Dom Henrique (WikiCommons)

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