Viagem

Natureza, espiritualidade e tradição: isso é o que você vai encontrar no Japão

Poucos lugares oferecem experiências tão inspiradoras quanto a Terra do Sol Nascente

Por
Tatiana Mandelli

1/31/2025

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Milhões de turistas visitam o Japão, principalmente durante a primeira e o outono (Foto: Unsplash)

Em 2024, o Japão bateu recorde de turistas, com mais de 35 milhões de pessoas visitando o país. Por lá, natureza, cultura milenar, tecnologia e inovação se fundem como em poucos lugares no mundo. Além de Tóquio, epicentro da sociedade japonesa, cidades como Osaka, Nara e Sapporo ganharam destaque como destinos internacionais.

Durante a primavera, de março a maio, o Japão recebe turistas do mundo todo em busca da experiência de observar o florir das cerejeiras. Mas se você quer fugir da multidão, assim como eu, o outono no país também é encantador. Por lá, a estação é de setembro a dezembro.

Fui em novembro e voltei inspirada. A relação com a espiritualidade, a beleza da cultura, a conservação da história e a educação da sociedade japonesa são admiráveis e podem nos ajudar a refletir sobre o  futuro que queremos construir.

Preservar e restaurar

Erguido no século XVI, o Castelo de Nagoia foi quase completamente destruído em 1945, quando os conflitos da Segunda Guerra Mundial culminaram no disparo de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Mas, ao invés de deixar desaparecer a história, os japoneses decidiram reconstruir esse símbolo de sua cultura.

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Restauração do Castelo de Nagoia foi concluída em 1959, há seis décadas (Foto: Unsplash) 

Para recriar cada detalhe do projeto original, foi realizada uma extensa pesquisa. Fotografias, plantas e até filmagens foram algumas das referências utilizadas neste acervo histórico, complementadas por reforços modernos na estrutura, como aço e concreto. Atualmente funcionando como ponto turístico, o castelo já serviu como base do clã Owari Tokugawa e foi um ponto estratégico que conectava as importantes cidades de Edo (atual Tóquio) e Quioto.

Enquanto o Japão se dedica a reconstruir e honrar sua história, o Brasil, infelizmente, parece seguir na direção oposta. Quantos palacetes, casarões e prédios históricos já foram demolidos ou estão em ruínas por falta de cuidado e investimento em preservação? A lição que fica da reconstrução do Castelo de Nagoya é um convite à reflexão sobre como estamos cuidando do nosso patrimônio histórico e cultural.

A nação da harmonia

Duas religiões coexistem por lá: o xintoísmo e o budismo. Nativa do Japão, o xintoísmo celebra a natureza e os kami, as divindades. Já o budismo foi introduzido no país no século VI e busca a iluminação e a libertação no plano espiritual. 

É curioso como as duas crenças se entrelaçam na vida dos japoneses, que celebram cerimônias xintoístas em momentos como casamentos e nascimentos, e recorrem a ritos budistas em funerais. Até a arquitetura dos templos reflete essa fusão com muitos santuários xintoístas incorporando elementos budistas. 

Essa convivência em harmonia se tornou uma atividade turística importante, Muitas celebrações acontecem nas ruas próximas aos templos e a beleza da cultura e das vestimentas típicas, como o quimono, e atraem milhares de pessoas.

Fushimi-Inari, templo xintoísta em Quioto (Foto: Tatiana Mandelli)

Fushimi-Inari, templo xintoísta em Quioto (Foto: Tatiana Mandelli)

Fushimi-Inari, templo xintoísta em Quioto (Foto: Tatiana Mandelli)

Fushimi-Inari, templo xintoísta em Quioto (Foto: Tatiana Mandelli)

O país mais limpo do mundo

Mesmo em cidades grandes e movimentadas como Tóquio, é raríssimo encontrar um papelzinho jogado no chão, uma latinha de refrigerante ou qualquer outro tipo de lixo. E eles não tem lixeiras nas ruas.

Na década de 80, o Japão sofreu uma onda de vandalismo com bombas em lixeiras, o que levou o governo a remover a maioria delas das ruas. Mas se não tem lixeiras, como os japoneses lidam com o lixo que produzem quando estão fora de casa? A resposta é simples: eles carregam o lixo consigo até encontrar um local apropriado para descartá-lo. 

Existe no Japão uma forte cultura de responsabilidade individual em que cada um precisa fazer sua parte. Outra curiosidade que muitos turistas percebem é o silêncio no transporte público. Os japoneses cumprem seus deveres e respeitam o espaço do outro, uma importante lição.

Cuidado com a natureza

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Mais de mil veados selvagens vivem no Parque de Nara (Foto: Unsplash)

Os nihonjika, como são chamados os cervos japoneses, são animais sagrados na tradição xintoísta. Na tradição, eles são venerados como mensageiros dos deuses e estão protegidos como "tesouro nacional" desde 1957. Os esforços de preservação podem ser observados no Parque de Nara, onde vivem 1.200 veados selvagens.

O parque está localizado na antiga capital do Império Japonês, que foi movida no século VIII pela crescente influência política dos monges budistas, o que levou o Imperador a buscar um novo centro de poder. Em Nara, visitamos o majestoso Templo Todai-ji, construído em 752 e reconstruído duas vezes ao longo dos séculos, após incêndios devastadores. 

Essas tangentes entre natureza, espiritualidade e tradição estão por toda parte. É uma forma de enxergar a vida muito própria, desenvolvida ao longo de milênios. Por isso fica aqui a minha super recomendação: se puder, vá ao Japão.

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