Cultura

Sound of Freedom

O tráfico de Seres Humanos nas Américas

Por
Redação

4/10/2025

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O filme Sound of Freedom (Som da Liberdade) acende um debate real das: o tráfico de seres humanos nas Américas para fins de exploração sexual. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a cada ano, no mundo, 1,2 milhão de crianças e adolescentes desaparecem. No Brasil, o número, segundo o mesmo órgão, gira em torno de 30 a 40 mil vítimas infanto-juvenis. 

E o alerta não está nas páginas dos jornais ou entre as campanhas de estatais de combate. A “lei do silêncio” parece não ser um fenômeno somente no Brasil, é o que ressalta o filme. O longa surge com a missão de trazer à tona a questão cada vez menos enfrentada. Na Bahia, trabalhando como repórter policial por anos, pude perceber que a internet, nos inícios dos anos 2000, surge como meio para a ampliação do aliciamento sexual feito pelos criminosos. 

Na medida que a tecnologia aparece como ferramenta para os criminosos, o silêncio só cresceu, ao ponto de parecer ensurdecedor. A falta de um cadastro nacional unificado de pessoas desaparecidas, a demora das autoridades em procurar quem sumiu e a indiferença da sociedade em relação ao problema cresceram na mesma proporção. 

Trazendo apenas os números (de 30 a 40 mil desaparecidos anualmente), as causas e o problema, sem uma história como a das duas crianças do Sound of Fredom, nos personagens de Rocio e Miguel, é difícil ter noção da dimensão do problema. Então, abro espaço para uma superficial experiência com o tema. Há 18 anos, entre uma matéria e outra, fui procurada na redação do jornal por uma mãe que reclamava o desaparecimento da filha de 13 anos à época. 

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A partir da esquerda, Cristal Aparicio, Lucás Ávila e Jim Caviezel em cenas do filme Sound of Freedom em 2023 com direção de Alejandro Monteverde_Crédito: Angel Studios
 

Afirmava ter procurado as autoridades baianas que, segundo ela, alegava ser apenas um caso dentre tantos outros de jovens que fogem de casa. Bem, embora tenha tentado ajudar com matérias e cobrando posicionamento da polícia, o caso não passou de três linhas de um boletim de ocorrência para os investigadores. 

A menina costumava andar com “amigas mais velhas” que abordavam caminhoneiros nas rodovias federal e estaduais próximas à grande capital. A mãe nunca teve notícias da filha. 

Em uma das poucas iniciativas estatais, logo após o registro policial, em 2006, o juizado de menores desmontou uma casa de exploração de crianças e adolescentes no subúrbio ferroviário de Salvador. Meninas de 12, 13 e 16 anos, uma delas, grávida de três meses realizavam programas a mando de uma mulher que foi presa por R$ 5. Eu estava lá e o cenário era de triste degradação humana. 

Se já era raro o tratamento da temática, hoje é quase impossível ver o tema em reportagens. O fato do tráfico e exploração de crianças e adolescentes não ser tratado pela grande mídia, não significa que não exista. Em agosto do ano passado, a embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Brasil apresentaram o “Relatório sobre o tráfico de pessoas 2022 – Brasil”. 

O estudo aponta que “os traficantes exploram crianças no tráfico sexual ao longo de estradas brasileiras, incluindo a BR-386, BR-116 e BR-285. O turismo sexual infantil permanece sendo um problema, principalmente em áreas de resorts e do litoral; muitos praticantes de turismo sexual infantil são da Europa e dos Estados Unidos”.

Palmas para o diretor Alejandro Monteverde, que retratou o tráfico sexual infantil nas Américas brilhantemente. Então, não é demais lembrar dados do próprio filme: O tráfico de crianças e adolescentes movimenta mais de 150 bilhões de dólares por ano, coisa de R$ 738,3 bilhões de reais.

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