
Imagens do livro Reino Desse Mundo, Christina Cravo na Africa Foto: Christian Cravo
O trabalho de contemplação da exuberante África, por mais de 12 anos, resultou na mais nova obra do artista/fotógrafo Christian Cravo, o livro Reino desse Mundo. O trabalho em preto e branco capta a essência dos animais africanos que parecem posar para as lentes do artista. O próprio Christian se define como perfeccionista e possessivo por fazer sua arte “inteiramente dentro daquilo que desejo”, afirma Christian..
A escolha do cenário, é resultado da busca por cura, após dois eventos traumáticos isolados. O terremoto no Haiti com pelo menos 250 mil mortes e mais de um milhão de desabrigados, em 2010, seguido da morte do pai do artista, deixou feridas que precisavam ser curadas. Naquele momento, Christian conta que buscava por um novo ciclo: que fosse de contemplação e menos interação com o humano.

“Então, eu senti que precisava reiniciar
um trabalho que não tivesse a figura humana, não tivesse diálogo com as pessoas, que fosse um trabalho mais de contemplação” . Conta Christian
Sete países no total foram cenário para o trabalho de Christian: Namíbia, Zâmbia, Botswana, Quênia, Tanzânia, Uganda e República Democrática do Congo. Por mais de uma década, o artista observou animais na África, o que resultou na linda obra Reino desse Mundo.
“Depois de três, quatro anos na África, já havia virado um projeto, não era mais um processo de cura. Então, eu já tinha sido conquistado pela África. Publiquei o primeiro livro em 2016, chamado Luz e Sombras. No momento que recebi o livro, eu o peguei e falei: Eu me precipitei. Eu não deveria ter feito o livro ainda, eu não estava pronto. Eu o guardei em outubro e quando virou o ano, em janeiro, eu retomei o projeto. Passei outros seis anos fotografando”, conta.

Christian explica que a experiência ao fotografar os animais foi bem diferente das anteriores, ao se dedicar ao humano. Os leões da Tanzânia, elefantes do Quênia e gorilas da República Democrática do Congo são retratados de forma a reproduzir a textura da pelagem, por exemplo. Segundo ele, “seria uma visão de mundo pré humano e, daí que veio o título Reino desse Mundo. Por mais difícil que seja fotografar pessoas, fotografar animais é a impossibilidade na prática. É uma questão realmente de observar e antever o que poderá acontecer. Conhecer bem o animal, conhecer bem o clima, a natureza e se preparar. Você não controla absolutamente nada”, analisa.
Novo ciclo - Christian Cravo já deu início a um novo projeto. Interconectado ao anterior e ao mesmo tempo diverso. “São projetos que quando um termina, deixa o espaço natural para o outro. O que está na África, naquela natureza exuberante, magnífica, gigantesca me provocou? Me provocou pensar no outro lado: para toda luz há uma sombra equivalente. E a poluição do mundo? E a destruição do mundo? O que vi anteriormente foi a preservação do mundo”, explica.
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O novo trabalho é sobre o impacto ambiental provocado por uma sociedade de hiperconsumo. Com o objetivo de se dedicar a esta nova fase, Christian já esteve no Chile, fotografando o descarte das roupas da indústria. “O que é uma coisa incrível, plasticamente fantástica, mas de uma tristeza absoluta”.
Durante as pesquisas, o artista descobriu que em Gana, na África, o problema do hiperconsumo também tem consequências ambientais. “O país também sofre com essa questão da importação das roupas do primeiro mundo que vão acabar no mar. Ao invés do deserto do Chile, no mar. O mesmo problema com outro desfecho. No deserto não apodrece, por exemplo, umidifica naturalmente. Já em Gana, mais ou menos na altura do Equador, a coisa apodrece, se desfaz, polui a água, entra nos estômago dos animais e das espécies marinhas”, conclui.
Você encontra as belas fotografias do livro “Reino desse Mundo” e as que resultaram no projeto anterior, o livro “Nos Jardins do Éden” que reúne 60 fotografias que o artista produziu no Haiti, ao longo de mais de 20 viagens no site da Amazon. amazon.com.br

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