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Relações abusivas são e sempre foram tratadas de forma oculta nos vínculos humanos, sejam entre casais, familiares, colegas, estudantes ou profissionais, abrangendo áreas econômicas, culturais, sociais e políticas.
Essas relações são tóxicas, opressivas e violentas, nas quais sempre sobressai o abuso de poder sobre a outra pessoa.
Historicamente, a maior porcentagem das vítimas é de mulheres. Mas ao mesmo tempo é perceptível que tem também mulheres que manipulam homens.
Este tema é complexo, mas faz parte da realidade da sociedade. Por isso creio ser importante compartilhar aqui estudos e reflexões sobre o assunto.

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Relação tóxica x relação abusiva
Antes de mais nada é importante entender os impactos e diferenciar a ‘relação tóxica’ da ‘relação abusiva’. Toda relação é uma base de troca e tem que ser boa para todo mundo. Uma relação tóxica é o início do desequilíbrio - é bom para um, mas não para outro.
Isso geralmente ocorre com o narcisista e a oligofrênica. O narcisista se foca nos próprios assuntos, ama a si próprio, enquanto a oligofrênica fica sofrendo, calada e ao mesmo tempo sente culpa em tudo.
Seguindo os desejos e vontades do narciso. Claro que é uma relação ruim, com comportamentos negativos, mas nem sempre intencionalmente controladores ou abusivos.
Os personagens da relação abusiva seriam, por sua vez, o psicopata ou o sociopata, que abusa, utiliza e manipula a pessoa para assuntos de seu interesse.
É um relacionamento em que há abuso intencional para controlar, intimidar e ferir, com comportamentos que visam dominar a outra pessoa. O que há em comum entre os dois tipos é que não há atenção para a outra parte.
Muitas pessoas confundem apego com amor; codependência no sentimento de se sentir controlada com o sentimento de se sentir cuidada, apoiada e apreciada.
Impactos na mente e no corpo
Viver em uma relação abusiva pode causar diversos impactos profundos e negativos na saúde física, mental e emocional da pessoa.

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Algumas das principais consequências incluem:
- Baixa autoestima e autoconfiança: A pessoa pode começar a acreditar nas críticas e humilhações, sentindo-se inferior e incapaz de sair da relação.
- Ansiedade e depressão: O abuso constante e o ambiente de tensão levam a níveis elevados de estresse, frequentemente resultando em ansiedade, crises de pânico e depressão.
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): A pessoa pode desenvolver sintomas de TEPT, como flashbacks, pesadelos e dificuldade de concentração, especialmente após episódios traumáticos.
- Dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis: Depois de uma relação abusiva, fica mais difícil confiar no outro. Isso pode afetar amizades, futuros relacionamentos amorosos e até relações familiares.
- Isolamento social: Muitos abusadores tentam isolar suas vítimas para controlá-las melhor, fazendo com que a pessoa se afaste de amigos e familiares e se sinta sozinha.
- Dependência emocional: A pessoa pode acabar desenvolvendo uma dependência emocional pelo abusador, acreditando que precisa dele(a) para sobreviver ou que não conseguirá ser amada por mais ninguém.
- Problemas físicos: O estresse e o desgaste mental podem resultar em sintomas físicos como dores de cabeça, problemas gastrointestinais, insônia e outros problemas de saúde.

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Acredito que os problemas de ordem psicossomática são mais severos do que possamos imaginar. Vejo como imunidade baixa e enfermidades que se desenvolvem de forma tão profunda que ficam como marca registrada das relações tóxicas e abusivas.
Ao estudar a substância química do autocontrole, a dopamina, percebe-se que ela se liga a uma cadeia específica de aminoácidos e percorre via corrente sanguínea todas as células do corpo.
Quando sentimentos são engasgados, em especial a raiva, o corpo grita em silêncio, desencadeando uma reação intracelular que afeta receptores neurológicos e imunológicos, como leucócitos, macrófagos e eosinófilos. Consequentemente, a imunidade fica baixa, e a vítima de relações abusivas pode desenvolver diversas enfermidades autoimunes e até fatais.
A proteção do abusador
Os abusos, mesmo destrutivos, são sempre protegidos e velados. Muitas vezes, há conivência por parte de quem sofre este maltrato, e a vítima pode, de certa forma, proteger o agressor.
Esses efeitos são profundos e podem durar muito tempo, mesmo após o término da relação. A pessoa pode se beneficiar de apoio emocional e, em especial, da psicoterapia para reconstruir a autoestima, a confiança e a independência emocional.
Mudanças coletivas de comportamento
Há uma forma mais simples de observar essas mudanças coletivas de comportamento através da arte e da cultura. Dois filmes atuais que mostram exemplos para esta mudança de comportamento: ‘Pobres Criaturas’ e ‘É assim que acaba’. Ambos mostram as consequências de relações abusivas, mas oferecem uma nova alternativa saindo desta relação defeituosa.
Toda vez que há mudanças, sempre há uma polaridade entre a luz e a falta de luz. Enquanto sociedades podem evoluir no tema do equilíbrio entre homem e mulher, outras sociedades caminham para trás. Algumas sociedades desenvolvem-se à sombra deste empoderamento.
Justiça limitada
Apesar de as relações abusivas serem um tema recorrente, ao mesmo tempo as sociedades insistem em esconder esta questão tão violenta e opressora. As leis, por mais que tenham a função de proteger, de fato não servem para tal escudo às vítimas, muito menos ajudá-las no pós trauma. Por necessitar de provas físicas e ainda colocar a vítima e agressor frente a frente, cada um com sua fala, torna a justiça limitada e omissa.
O abusador usa sua posição privilegiada de poder e hierarquicamente superior para submeter a vítima às suas vontades e caprichos. Porém, utiliza de técnicas manipulativas e dissimuladas para que a pessoa não se sinta usada, nem vítima, concedendo-lhe um acesso especial e direto com sua pessoa e exigindo admiração e até idolatria.
Normalmente, essa relação se perpetua por longos anos sem que a vítima reconheça o abuso que sofre, o qual se torna normalizado e incorporado nesta relação. O abuso é velado, eclipsado e muitas vezes até justificado pela vítima que não consegue ter consciência do que está passando.
Mesmo com ajuda terapêutica leva anos para ter consciência desse trauma e a vítima que consegue se recuperar a ponto de buscar suporte na justiça e reparação dos danos sofridos, pode se deparar com a prescrição dos seus direitos, pois passou o prazo legal, levando a mais uma frustração e dificultando o processo de recuperação emocional.
Como lidar com relações abusivas?

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Primeiro, é essencial falar abertamente, especialmente para que as mulheres saiam do sofrimento silencioso e denunciem suas relações abusivas, influenciando uma nova visão da justiça para que estas experiências traumáticas diminuam. É importante incentivar as pessoas que sofrem tal violência a procurar profissionais especializados que possibilitem dar suporte e participar de grupos de apoio que fomentem atitudes para enfrentar isso.
Enfim, transformar a derrota em vitória.
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