Roberta Banqueri: da arquitetura para o estrelato do design de móveis
Em um segmento masculino, ela comeu pelas beiradas e chegou lá, impulsionada pela nova e avassaladora paixão
PorRicardo Caminada
4/7/2025

Roberta Banqueri afirma que não vê limite para realizar se com a criação, entende que vai do imaterial ao real, do amplo volume ao pequeno objeto (Foto: Divulgação)
Estar aberto a aprender, a observar, a ser original, encontrando uma forma única de trabalhar, sem cópias. Este é o conselho de Roberta Banqueri, conceituada designer de móveis, a todos que desejam seguir carreira na profissão que ela abraçou, após 20 anos dedicados à arquitetura.
Conselho de uma mulher que sabe o que deseja e não tem medo de arriscar, de explorar um mercado desconhecido. Bastou ter uma oportunidade de desenhar móveis para descobrir que era aquilo que gostaria de fazer desde então. Integralmente.

Roberta Banqueri em seu sofá Chapada (Foto: Divulgação)
Obviamente, o início da nova jornada foi cheio de dúvidas. Teve medo de fracassar. Sair da zona de conforto não é fácil. Frustrações e algumas portas fechadas, por ser desconhecida na área, não a fizeram desistir. Pelo contrário: serviram de incentivo.
O primeiro passo para virar o jogo foi estudar, no sentido de limpar a mente, absorvendo novos conhecimentos. Foi realmente duro fechar o escritório de arquitetura e mudar-se, temporariamente, para o Rio Grande do Sul, a fim de exercer outra função. Só que Roberta estava decidida.
A certeza de que fez a escolha certa veio quando o Buffet Pele, seu primeiro produto, foi premiado. Ali, o mercado percebeu que ela teria muito a oferecer. Agora, mesmo com o reconhecimento, continuou com os pés no chão.

Buffet Pele, criado por Roberta, foi premiado com primeiro lugar no CIDI, top 3 no A'Design Award & Competition de 2019, e o Prêmio Salão Design 2020 (Foto: Divulgação)
Ela tem convicção que nem todas as propostas são bem recebidas ou agradam. O que não significa que sejam ruins. Assim, o desafio passa a ser o de manter-se firme na ideia e a encontrar uma forma de fazer com que invistam no projeto, autorizando a execução dele.
Desafios. Esta palavra bate sempre forte na mente de Roberta. A desconfiança de que ainda não sabe nada e de que já tem tanta coisa feita, de que o mundo não precisa de mais uma cadeira, por exemplo, faz com que continue pensando em algo que possa surpreender.
Propor novos olhares, focando no desenvolvimento de materiais alternativos, é a missão. Humildemente, diz não saber se está preparada. Então vem o sentimento de que há muito que fazer. Isso dá um gás.
Roberta acredita mais em movimentos do que em pessoas. Tem base no modernismo, curte a funcionalidade e a leveza do design escandinavo e japonês. Gosta do maximalismo. Admira Sérgio Rodrigues, Zalszupin e Lina Bo Bardi. Adora Achille Castiglione e Vico Magistratti. É louca por Zaha Hadid.
O trabalho dela também é influenciado pelas artes gráficas, por pinturas, por esculturas e até pela moda. Olha para tudo. Lê livros, assiste filmes bibliográficos, na eterna busca pela construção pessoal e profissional.

Desenho do sofá Abapo, de Roberta Banqueri, faz referência à “Abaporu”, obra de Tarsila do Amaral (Foto: Divulgação)
Em um mercado ainda masculino, com apenas homens no comando no setor de fábricas, ela precisa continuar jogando com o poder de persuasão. Já enfrentou boicote no desenvolvimento de um produto, sabendo se posicionar na hora e na maneira certas.
Roberta não romantiza o que faz ou deixa aparentar que a tarefa é mais difícil do que é. Mas, o fato de ter construído uma trajetória consistente e reconhecida, em um segmento masculino, faz a designer acreditar que inspira mulheres. Sim, elas podem avançar em qualquer setor. Banqueri é prova disso.
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